29 de dezembro de 2010

De Frente com Faby...


Olá Ana,
É uma honra poder conversar com a autora de um dos melhores livros do ano.
Para quem não conhece a Ana Paula, ela é a autora do livro Apátrida, você pode ler a resenha deste mega livro aqui.
Agradeço muito a oportunidade de fazer as perguntas que todo mundo quer saber.
Vamos lá.

(1) - Ana, quando e como você começou a escrever?

Escrever, rs? Muito pequena. Quando queria retratar meu dia, mandar um bilhetinho para mim mãe. Fazer um cartãozinho para minhas avós (que eram analfabetas) e lê-los emocionada. Gostava de ver minha avó Ana passando seus dedos sofridos pelo cartão e me perguntando se eu estava lendo mesmo. A leitura era um mundo longínquo e desconhecido para ela. Hoje tenho a certeza que todos nós podemos escrever e temos potencial. E isto começa nas pequenas coisas diárias. Basta iniciar.

(2) - Apátrida foi o seu primeiro livro?

Tecnicamente não. Já fiz outros, na área de direito.

(3) - Como surgiu Apátrida?

Na faculdade de direito, fiz uma iniciação científica pelo Conselho Nacional de Pesquisa. Abordei o tema de direito internacional, onde argumentava a posição de alguns doutrinadores no sentido de que todas as pessoas eram capazes de ter direitos, no plano internacional, sem que precisasse estar protegido ou vinculado a um Estado. Parte da pesquisa foi realizada com a análise dos fatos da Segunda Guerra e os Tribunais Penais Internacionais. Esta monografia ganhou uma menção honrosa pela USP e um prêmio para participar de um Congresso nos Estados Unidos. Passaram-se os anos, e um dia eu estava conversando com um amigo, discutindo os aspectos brutais dos regimes fascista, nazista e comunista, de forma tão acalorada, que ele, rindo, falou que meu conhecimento daria um romance. Então levei a sério. Por que não? Transformaria numa linguagem universal o conhecimento técnico. Contudo, ao começar constatei que era muito difícil, pois deveria estudar cada movimento. O livro demorou quase 4 (quatro) anos para ser concluído. E não sei quantas vezes pensei em desistir e o coloquei na "fila de espera".

(4) - Em seu próximo livro, podemos esperar o quê?

Estou escrevendo sobre a Força Expedicionária Brasileira. É o pano de fundo. Do mesmo modo que em Apátrida eu quero retratar a minha indignação pelo que aconteceu, a extinção dos direitos básicos como a vida, e a necessidade de superarmos nossos obstáculos e lutar pela família, pelos filhos, pelo amor, de uma maneira digna, no novo livro estou trabalhando a Ética das Virtudes em Aristóteles e Tomás de Aquino, de maneira sutil, comparando comportamentos, mostrando a aberração de nossos atos e tentando demonstrar que podemos sempre melhorar.

(5) - Como você vê a produção literária da novos escritores?

Sempre gostei dos livros nacionais, pois eles retratam a nossa experiência de vida. Recebi muitos livros de escritores e estou lendo satisfeita. Não poderia ser diferente: um povo tão rico, místico, miscigendado, inteligente e eclético como o nosso tem todos os requisitos necessários para se tornarem ótimos escritores. Do Oiapoque ao Chuí, rs

(6) - Que livro você leu e te marcou?

Foram muitos, pois cada livro nos deixa uma marquinha: a do escritor, rs. Mas, da multidão de marcas vou dizer-lhe que duas são mais profundas: a realizada pelo Crime e Castigo de Dostoiévski (pelo imenso conflito interno do personagem) e a fantástica obra de Machado de Assis, Dom Casmurro (que, ao narrar em primeira pessoa consegue transmitir seus sentimentos, como se fatos reais fossem, mas permite a reflexão, pelo leitor, de que os conceitos subjetivados podem não ser realmente os fatos externos).

(7) - Qual a sensação ao ver o seu livro impresso?

Pela luta para publicá-lo, garanto-lhe, a alegria próxima de ter um novo filho.

(8) - Qual a sua inspirarão para escrever?

Muitas. Para elaborar Irena, tive de me abastecer das figuras de mulheres maravilhosas à minha volta: minha mãe, minhas avós e minha sogra. Rurik é um pedacinho de meu marido (muito vivo, rs). Outros personagens vieram do exame do meu cotidiano, do comportamento que assumem a cada nova dificuldade. Lia livros, fazia pesquisas, e tentava transmitir com palavras as pluralidades da alma humana, o que é muito difícil.

(9) - Quais as maiores dificuldades que você enfrentou durante o processo de produção, lançamento e divulgação de Apátrida?

Todos os possíveis. Mesmo sendo um livro finalista do Prêmio SESC de Literatura, não é fácil ingressar por grandes selos. E há uma espera imensa para análise. Sou aflita, fiz uma parceria e lancei o livro. A editora me incluiu num evento em Porto Seguro, com bastante resultado, e a Livraria da Vila do Shopping Cidade Jardim me abriu as portas para a noite de autógrafos, em 18 de setembro deste ano. A divulgação está em pequenos passos, e, em geral, é feita pelos próprios leitores e blogs.

(10) - Hoje, na blogosfera, os blogs literários, sejam eles de banca ou livraria, abrem espaço aos novos talentos brasileiros, ajudando na divulgação de seus livros, como você vê esse tipo de influência?

A iniciativa é maravilhosa. Confesso que talvez sem ela eu ainda não tivesse atingido, nestes três meses, a notoriedade que o livro está tendo. O Autor, que não seja um dos grandes, não tem publicidade. Ele fica à deriva. Se os blogs não nos tivessem dado esta abertura, muitos livros ótimos não teriam a devida publicação, ou mesmo, uma pequena possibilidade de aparecer. E lendo as resenhas percebo que há capacidade de escrita com qualidade nos blogs. Parabéns a todas as blogueiras pelo apoio ao escritor nacional.

(11) - Que conselho você daria para aqueles que estão iniciando sua carreira de escritor, ou almejam isso?

Perseverância e fé. Tenacidade e Paciência. De todas a última é uma virtude essencial. Receber o "não" apenas como um pequeno obstáculo a transpor até o "sim" definitivo.


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Só tenho a agradecer a essa escritora maravilhosa que é Ana Paula Bergamasco, por participar desta entrevista que, na minha opinião, ficou maravilhosa. Mas como sou suspeita pra falar, deixem a opinião de vocês. kkkkkkkkkkkkk.

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3 comentários:

  1. Ficou ótima, Faby!!!
    Espero que seja a primeira de muitas!!

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  2. Que maravilha conhecer um pouco mais sobre essa autora maravilhosa, Ana Paula me deu um presente maravilhoso que foi seu livro para resenhar no meu blog, me senti honrada e muito feliz de ler um livro tão maravilhoso que passou a ser referência nas minhas conversas e o qual recomendo a todos!
    Parabéns Faby pela entrevista!
    Beijão!

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  3. Estou louca para ler este livro!!! Adorei a entrevista!!!

    http://conversandocomdragoes.blogspot.com/

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